90 famílias são expulsas de propriedade rural em São Domingos do Norte

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Um grupo formado por mais de 90 famílias reclama que está sem abrigo depois que os moradores foram retirados de uma propriedade rural no município de São Domingos do Norte, no Norte do Espírito Santo.

De acordo com eles, a desapropriação ocorreu sem aviso prévio e não houve tempo para retirar os pertences das barracas. As famílias moravam em um acampamento montado no local há cerca de três anos. De acordo com a Justiça, a notificação foi realizada há cerca de seis meses.

Os moradores disseram que no momento em que precisaram sair do terreno, a polícia agiu de forma arbitrária. “Fui chegando e eles foram colocando a espingarda na minha cara, me mandaram colocar a mão na cabeça, me algemaram  e me colocaram dentro do carro”, contou o lavrador Sebastião Venâncio Pereira.

Ainda segundo eles, quase não houve tempo para salvar os pertences, e algumas pessoas tiveram prejuízos. “Uns não deu tempo de tirar, passaram por cima, botando fogo, chutando pau, acabando com tudo”, contou a aposentada Luzia Marquezine Alves. Sem ter para onde ir, eles estão preocupados. “Está um pra lá e outro para cá, sem saber onde vai ficar”, completou.

A representante do grupo, Vera Lúcia da Silva Rocha, contou que muitos trabalhadores estão alojados em uma quadra da região, mas que não tem outro lugar para viver. Segundo ela, eles não foram avisados quanto à desocupação. “Não foi dado prazo. O que foi feito durante essas três semanas foi essa visita da polícia ameaçando as pessoas, falando que iam chegar e queimar, passar por cima de tudo, que não ia dar tempo de tirar nem uma botija de gás e que ninguém poderia falar nada, senão iria preso”, declarou.

A única moradora que conseguiu permanecer na área foi a lavradora Divina Borges, de 84 anos, que luta por um espaço próprio. “Eu implorei, pedi pelo amor de Deus para não me fazer sair às carreiras, porque eu não tinha tinha onde ir e não tinha lugar para colocar as minhas criações. Mas eu tenho que sair, para o meio da estrada ou para o meio da ponte”, disse.

A justiça informou que as famílias foram notificadas há seis meses, mas não deixaram o local. Por isso, a Polícia Militar foi acionada. Em relação às declarações sobre a ação dos PMs, o órgão responsável foi procurado, mas não houve resposta.

G1 ES/ TV Gazeta