Paulo Hartung faz palestra em Barra de São Francisco sobre gestão Pública

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O ex-governador Paulo Hartung (PMDB/ES) tem aceitado convites para palestras em todo o Brasil, nas quais explora temas relacionados à gestão pública. Experiente, considerado um dos melhores governadores do País e indiscutivelmente seu nome figura entre os melhores da história do Estado do Espírito Santo, Hartung agora estende seu conhecimento e experiência aos prefeitos dos municípios capixabas. Com as palestras, pretende promover um encontro entre a responsabilidade sobre a gestão pública e a importância da sintonia com aquilo que a sociedade interpreta como prioritário no trato com recursos públicos. 

O ex-governador esteve nesta quarta-feira dia 15 de maio em barra de São Francisco a pedido do prefeito Luciano  Pereira, onde nas dependências do Cerimonial “Dia de Festa” realizou uma palestra motivacional de sua carreira politica e de seu conhecimento e acima de tudo a excelência na Gestão Pública como Governador.

Estiveram presentes autoridades da região Noroeste e servidores Municipais e também a  presença de diversos membros da ONG “Sentinela Francisquense”,  o evento foi aberto ao publico em geral.

 

 

 

A excelência na Gestão Pública como vetor do futuro

Por: Paulo Hartung

– Cumprimentos aos presentes.

– Gostaria de agradecer o convite do prefeito Luciano Pereira e registrar minha alegria de estar aqui em Barra de São Francisco,  terra do granito e de um povo que sempre me recebe bem, e que por isso eu tenho um carinho todo especial. .

– Gostaria de compartilhar com vocês, que estão iniciando uma caminhada, o que considero os fundamentos da gestão pública.

– Há exatamente 10 anos, iniciávamos a reconstrução político-institucional do nosso Estado. Depois de um longo e tenebroso inverso de desgoverno, corrupção endêmica e proeminência do crime organizado, com um choque ético e de gestão, e guiados pelos ideais da República e da democracia, começamos a obra do Novo Espírito Santo.

– As idéias e reflexões que compartilho com vocês neste momento estiveram a me guiar na liderança do mutirão que deu início a um novo capítulo da história das terras capixabas.

– Vou expor minhas idéias a partir de algumas palavras-chave que apontam para os fundamentos de um bom governo, de uma correta e eficaz gestão pública. São elas: ética, resultados, renovação, inovação, liderança, planejamento, gestão, parceria e participação.

– Inicialmente, o que entendo por bom governo. Um bom governo é aquele que, a despeito de todos os desafios existentes, faz jus à sua origem, ou seja, o povo.

– Um governo existe para atender aos interesses da coletividade, que o mantém funcionando com pesados impostos e que elege e delega a seus principais líderes a responsabilidade de construir uma realidade melhor para todos.

– Aproveito o ensejo para já falar do primeiro fundamento do bom governo – a ética. Mas não se trata de uma ética qualquer, e sim da ética republicana de devoção absoluta ao interesse público e de compromisso com a construção de uma realidade de oportunidades e prosperidade compartilhadas por todos os cidadãos.

– Para que um governo faça jus a seus princípios – ou seja, à sua origem popular e à sua ética republicana –, é fundamental que ele obtenha resultados. Afinal, é para isso que a sociedade mantém as estruturas governativas: resultados, mudanças, melhorias, por meio de obras e serviços.

– Como se lida com dinheiro público, é preciso todo o zelo com os processos, mas nenhum gestor pode perder o foco nos resultados. Infelizmente, é tradição em nosso país o privilégio à burocracia e às etapas-meio, mas isso é um “desvio de função”.

– Repito: não se pode desprezar o rigor legal nos procedimentos administrativos e gerenciais, mas é decisivo para qualquer governo ter a clara consciência de que ele existe para prestar serviços e realizar obras que transformem positivamente a vida dos cidadãos.

– Ao falar nesse desafio, chego a um outro fundamento: a renovação. Com leis arcaicas, apego à burocracia, marcas profundas de patrimonialismo, é absolutamente complexo fazer uma estrutura de governo funcionar como deve, seguindo seus objetivos maiores de servir ao conjunto da população. Por isso, é preciso renovar procedimentos, atualizar práticas, arejar idéias e simplificar condutas e legislações.

– O desafio é tamanho, e ainda por cima em governos localizados numa sociedade em profunda transformação, que, além da renovação, é preciso, em muitos casos, inovação.

– Inovar é aplicar, com sucesso, novas idéias e práticas para resolver problemas, criar soluções alternativas às já consagradas, fazer diferente do tradicional. É introduzir uma novidade que muda a forma fazer algo ou de enfrentar uma situação.

– Em muitos casos, é enxergar soluções para questões que se consideram insolúveis. É propor novas maneiras de superar antigos problemas, que, pelo tempo, já são até considerados como coisa normal ou inevitável.

– Nesse sentido, inovar é, por exemplo, encarar a missão de superar o conformismo medíocre muito bem representado pela expressão “é assim mesmo: sempre foi assim e assim sempre será”.

– Do ponto de vista da inovação, nada tem de ser assim mesmo. Tudo pode ser diferente, melhor, mais justo e mais eficaz.

– Não se trata de reinventar a roda, mas de usá-la de forma diferente, para fazer mais, com menos recursos e melhores resultados.

– Para mobilizar um governo que se fixa em resultados, renova e inova, transformando o cotidiano, é preciso um outro fundamento essencial: o espírito de liderança.

– Os líderes exercem um papel decisivo para a atuação em grupo.

– O que é ser um líder? O treinamento da vida me ensinou que liderança é, entre outros, a arte de mobilizar e motivar boas companhias para enfrentar tarefas desafiantes.

– Aprendi desde cedo a não acreditar em voluntarismo. Não se enfrenta sozinho um desafio. Ou seja, a liderança é também a arte de montar equipes.

– E nesse processo é fundamental saber avaliar vocações, entender forças e fraquezas de cada um, definir projetos e ações, descentralizar e delegar tarefas, e avaliar os passos para qualificar a caminhada.

– Nessa direção, a arte de liderar é também a estratégia de cercar-se de colaboradores que saibam mais da sua área de especialização do que o líder, que deve possuir outros atributos, como ter a noção de conjunto, capacidade de motivar e de identificar e potencializar talentos. O profissionalismo é um requisito básico.

– A minha trajetória me ensinou que é preciso construir times. Conhecer os colaboradores e, a partir da compreensão de que todos nós temos habilidades e limitações, fazer um mapeamento de vocações.

– Cada um deve ocupar o lugar em que mais pode contribuir. É estar no lugar certo para fazer a coisa certa, num jogo de soma e articulação em que ganha todo o conjunto.

– Da mesma forma que não acredito em voluntarismo, também não creio em improviso. E aqui chego a um outro pilar do bom governo: o planejamento.

– Prezadas prezados, o planejamento estratégico é ferramenta essencial para a vida.

– Em todo movimento, é preciso ter um diagnóstico claro de onde estamos e uma visão de onde queremos chegar. É imprescindível traçar o mapa da caminhada, definindo-se passos e metas, vislumbrando ameaças e oportunidades, pontos fortes e fracos.

– É preciso ter projeto, pois, conforme observou o pensador, nenhum vento sopra a favor de quem não sabe aonde ir.

– Ligado ao planejamento, temos um outro fundamento: a gestão. Nesse sentido, é fundamental um eficaz e dinâmico processo de gerenciamento, com capacidade permanente de avaliar os passos dados para fazer os ajustes necessários em direção ao horizonte desejado, considerando erros, acertos e contingências diversas.

– Além disso, um moderno e eficaz processo de gestão é capaz de potencializar recursos, harmonizar iniciativas e produzir sinergias entre as várias partes do todo, multiplicando a capacidade de ação governamental e gerando melhores resultados para a população.

– Por falar em multiplicar a ação de governo, chegamos a mais um importante fundamento: a parceria.

– Nenhum governo resolve tudo sozinho.

– Os governos, ao contrário do que prega o velho populismo, não podem tudo. Por isso, é essencial uma visão racional da política como mediadora de desejos em função das limitações da realidade.

– Os governos são limitados em seu campo de ação, pois não têm condição de resolver tudo a tempo e a hora.

– É nesse ambiente de múltiplas demandas, capacidade limitada de respostas e campo de ação restrito que entra a arte da política no processo de intermediação entre as possibilidades das instâncias públicas e as demandas da sociedade civil.

– Nesse sentido, a política é, em muitos aspectos, a arte de definir prioridades e também de mobilizar parceiros na sociedade civil organizada para a realização dos grandes projetos de uma comunidade.

– A política de verdade, distante das promessas e discursos de onipotência, afastada do patrimonialismo e do paternalismo, é uma criação extraordinária para pôr em movimento o curso da história.

– Assim, um bom governo, para promover a necessária e contínua transformação da vida em coletividade, deve considerar a multiplicidade de projetos e visões de mundo, buscar conciliar desejos e possibilidades concretas de realização, e articular mutirões e parcerias que ampliem a sua limitada capacidade de ação, mas não de mobilização.

– Por fim, aproveitando o gancho da mobilização, chegamos ao fundamento da participação.

– Os governos são um espaço de ação político-administrativa definidos pelas urnas, que elegem determinada orientação político-idelógica para formular políticas públicas e executar projetos que promovam melhorias contínuas e crescentes no dia a dia das populações.

– Ou seja, os governos nascem da vontade popular e, por isso, devem se manter em permanente diálogo com os cidadãos.

– Se a participação cidadã sempre foi um direito e um requisito de governos democráticos, imagine na atual realidade, transformada pelas tecnologias de informação e comunicação, as TICs, especialmente a internet.

– Vivemos a era da participação e os governos não podem estar alheios à voz das ruas, como se dizia antigamente, ou às mensagens das redes, para atualizar essa expressão muito valiosa no campo da política. – Prezadas e prezados, recupero nestes momentos finais o conjunto de palavras-chave que apontam para um bom governo: ética, resultados, renovação, inovação, liderança, planejamento, gestão, parceria e participação.

– Trata-se de um conjunto de idéias, valores e procedimentos que viabilizam uma governança democrática, republicana e antenada com os desafios da contemporaneidade, tendo em vista um futuro sempre melhor.

– Afinal, como escreveu o poeta Mario Quintana, e sempre fazemos questão de salientar, o futuro é o que estamos fazendo agora.

– Nesse sentido, que vocês tenham plena consciência de que são verdadeiros artesãos do amanhã e que, assim, se mobilizem para construir dias cada vez melhores para as atuais e futuras gerações.

– Desafios e oportunidades é o que não falta.

– Bom trabalho e obrigado!