Adolescentes dão depoimentos sobre acusação de assédio sexual contra médico em Barra de São Francisco

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Um médico cardiologista de Barra de São Francisco, foi denunciado por 10 pacientes adolescentes por assédio sexual dentro de um consultório. O profissional trabalha para uma empresa que presta serviços para a prefeitura da cidade e foi afastado da função. Na delegacia, ele foi ouvido e liberado.

Uma das vítimas, que é uma adolescente de 14 anos e não terá a identidade revelada, contou que procurou o hospital com outras colegas para fazer exames para a disputa de uma competição escolar. A menina diz que foi assediada dentro da sala onde o médico atendia.

“Ele pediu para eu esticar o braço para medir minha pressão e sempre puxando para frente para encostar a parte íntima dele na minha mão. Ele mediu nos dois braços. Depois ele pediu para eu deitar, quando deitei ele mediu minha pressão deitada de novo e encostava mais ainda a parte íntima dele em mim”, conta.

A adolescente deixou o consultório do médico abalada e alertou o que tinha acontecido para as colegas dela, que aguardavam do lado de fora e ainda seriam atendidas. “Elas pensaram que era uma brincadeira da minha parte”.

Por causa do comportamento estranho das estudantes, profissionais que trabalhavam na unidade começaram a desconfiar da atitude do cardiologista. Uma enfermeira, então, resolveu entrar na sala junto com uma outra adolescente. A menor conta que também foi assediada.

“Ele pediu para medir minha pressão, aí eu peguei e estiquei o braço de lado em cima da maca. Aí ele pegou e falou que daquele jeito não podia ser porque iria dar problema. Aí ele pegou, esticou meu braço e colocou minha mão debaixo das partes íntimas dele. Eu tentava puxar o braço para trás e nisso ele não deixava eu puxar, ele segurava o aparelho que media a pressão e forçava minha mão para frente, inclinando o corpo dele para frente. Sempre que a enfermeira tentava olhar para ver alguma coisa, ele tampava e mudava o corpo de posição para impedir que ela visse.”

A denúncia foi registrada pelas vítimas em uma delegacia na cidade. O Conselho Tutelar de Barra de São Francisco atendeu o caso, colheu depoimentos das menores e de outras testemunhas e os encaminhou para a Polícia Civil. O caso será investigado.

“A gente presenciou choro e medo. Algumas adolescentes já tinham ido a um cardiologista em outras vezes e nunca tinha acontecido nada dessa maneira com elas. Teve uma que falou com a mãe: ‘eu nunca presenciei algo assim, eu tenho nojo’”, falou a conselheira tutelar Jaquilaine Gomes Ferreira.

Familiares das vítimas contaram que não têm conseguido dormir nos últimos dias desde que as adolescentes revelaram terem sido vítimas de assédio sexual.

“Fiquei muito revoltada, não estou conseguindo dormir. Não quero que ele pague por uma coisa que não fez, mas sim pelo o que ele fez”, afirmou uma mãe.

Um outra mãe relatou que não consegue esconder da filha a angústia que sente. Ela pediu justiça. “Quando minha filha me contou essas coisas eu fiquei e estou nervosa até hoje. Tento me controlar, pois não é fácil, é difícil. Mas espero que a justiça seja feita”.

Prefeitura

O secretário municipal de Saúde, Ronan César Godoy, informou que o médico cardiologista pertence a uma empresa privada que atua na região e que imediatamente o profissional foi afastado do posto.

“Nós afastamos o profissional que foi denunciado. Nós não abrimos uma sindicância interna porque ele é terceirizado e além disso é um fato que considero muito complexo e cade a autoridade policial e o Ministério Público a tomar medidas. Nunca tivemos denuncia com qualquer profissional nosso”, pontuou.

Próximo passo

Além da Polícia Civil, o conselho tutelar do município acompanha o caso, que será encaminhado para o Ministério Público.

“Essas denúncias foram acolhidas e levadas até a delegacia para tomar as devidas providências cabíveis. As adolescentes foram escutadas, mas agora vamos fazer o relatório, encaminhar para o Ministério Público e acompanhar as adolescentes. A parte do conselho tutelar é proteger as vítimas agora”, concluiu Jaquilaine Gomes Ferreira.

Por André Rodrigues e Alessandro Bacheti, G1 ES e TV Gazeta