Ataque de Tubarão em Guriri pode ter sido provocado por Ciclone

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Segundo o professor de Oceanografia da Ufes, Agnaldo Martins, o fenômeno raro deixa as águas marinhas mais turvas e prejudica a visibilidade do animal marinho

Por Caíque Verli e Amabily Caliman / A Gazeta

img_20160107_wa0010-4109934O ciclone subtropical que atua no Norte do Espírito Santo e no Sul da Bahia pode ter provocado o ataque de um tubarão, em São Mateus,na manhã desta quinta-feira (07). A vítima foi um professor do Ifes de São Mateus, no Norte do Estado, que levou um susto quando surfava na praia de Guriri.  Segundo o Corpo de Bombeiros, o animal mordeu a prancha de Antonyo Zancanella e, por sorte, a perna dele não foi atingida.

Segundo o professor de Oceanografia da Ufes, Agnaldo Martins, o fenômeno raro deixa as águas marinhas mais turvas. Com a visibilidade prejudicada, as espécies de tubarões têm mais dificuldade para identificar as presas, que geralmente são outros animais marinhos.

“Nos dois últimos dias, o ciclone gerou crescimento de potência das ondas, o que aumenta a turbidez da água. A agitação suspende material do fundo, a água fica mais turva e o tubarão não consegue identificar direito o que é presa e o que não é”, relata o professor.

De acordo com o especialista, ataques de tubarão são incomuns. A presença das espécies, entretanto, é considerada normal em todo o litoral brasileiro, inclusive no Espírito Santo.

“A gente não ouve muito falar porque ataque de tubarão é muito raro no Brasil e no mundo inteiro. No mundo todo, acontecem cerca de 10 casos fatais por ano”.

O biólogo e consultor ambiental Elber Tesch explica que as espécies mais habituais na região Norte do Estado são o tubarão-cabeça-chata e o tubarão-tigre. O tubarão cabeça-chata pode chegar a 3,5 m de comprimento e o tubarão-tigre a 6 m.

“São espécies que são encontradas com mais frequência no Estado. São grandes, carnívoras e agressivas, embora o ataque a seres humanos não seja tão normal. O tubarão-tigre, por exemplo, come de tudo. Até plástico”, comenta Elber.

Para o biólogo, um dos fatores que pode causar a agressividade do animal é a própria prancha do surfista. “O tubarão confunde a prancha com o casco de uma tartaruga, uma das presas dessas espécies”.

“Senti uma puxada, mas continuei surfando”, conta professor

O professor contou que sentiu a prancha ser puxada mas não imaginou que fosse um tubarão. “Eu senti uma puxada para baixo mas não maldei e continuei surfando. Fiquei mais meia hora e depois virei a prancha e vi que estava comida. Saí da água e contei para os colegas e salva vidas. Mas não vi nada, ninguém viu. Os bombeiros que disseram que era mordida de tubarão porque onde foi mordida só a boca de um tubarão deixaria a prancha como ficou. Mas, felizmente, não aconteceu nada comigo. Já estou até trabalhando”, disse.

Mesmo após o susto, Antonyo garante que voltará a surfar em Guriri. “Amanhã mesmo estarei na água. Tenho 25 anos e surfo desde criança, quando a gente gosta não dá pra parar. Até pra atravessar a rua a gente corre perigo. Não aconselho ninguém a surfar mas eu vou continuar”, frisou.

Veja: Professor do Ifes é atacado por tubarão em praia de Guriri

 

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