De um lado, os “carperos”, como são chamados os sem-terra paraguaios. Do outro, os “brasiguaios”, como são conhecidos os colonos brasileiros e seus descendentes, que há décadas ocupam terras paraguaias localizadas na fronteira com o Brasil. Os sem-terra exigem do governo de Fernando Lugo a devolução de terras públicas que teriam sido transferidas de maneira irregular durante a ditadura de Alfredo Stroessner, uma das mais longas da América Latina, ao brasileiro Tranquilo Favero, o maior produtor individual de soja do Paraguai. Ele arrenda parte de seus terrenos a outros produtores brasiguaios. Nas terras em disputa são cultivados principalmente soja, amendoim, mandioca e algodão.
Desde o final do mês de janeiro, os conflitos entre brasiguaios e carperos se intensificaram. Os brasileiros temem serem expulsos pelos sem-terra. Segundo eles, a situação levou à perda de aproximadamente 50% da colheita de soja por conta da seca e das incertezas dos produtores, que não sabem se devem continuar investindo em terras. “Estamos vivendo uma situação de insegurança judicial e física”, disse à Agência Brasil a advogada brasileira Marilene Squarizi.
