Campanha do Tribunal de Justiça incentiva adoção de crianças e adolescentes no ES

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Por Elton Ribeiro, G1 ES

Professora Bruna Taño e o marido adotaram o Kauã depois de ver um vídeo do menino no site do TJES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Professora Bruna Taño e o marido adotaram o Kauã depois de ver um vídeo do menino no site do TJES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Uma campanha do Tribuna de Justiça do Espírito Santo (TJES) tem ajudado crianças e adolescentes que ainda estão na fila da adoção a encontrarem famílias interessadas em adotar.

O projeto “Esperando por Você”, da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), é um site que ajuda os futuros pais e mães a se aproximarem das crianças e adolescentes.

Esse projeto foi criado porque, quando se fala de adoção de crianças e adolescentes, ainda há muitos tabus. Muitas famílias procuram por bebês e crianças de poucos anos de vida, saudáveis, e sem nenhum tipo de deficiência. Quem tem mais de oito anos, possui alguma necessidade ou faz parte de um grupo de irmãos que não devem se separar, acaba ficando pra trás.

“Hoje, nós temos 99 crianças disponíveis para adoção, e temos cerca de 800 pretendentes habilitados. Então, pela lógica, seria muito fácil pensar que toda criança teria pretendentes e ainda sobrariam. Mas acontece que o perfil dessas crianças, que estão no sistema, são de crianças maiores, adolescentes, grupos de irmãos ou crianças com algumas doenças ou doenças mais incapacitantes. E o que a maioria dos pretendentes querem são crianças menores, sem doenças. E nem todos aceitam grupos de irmãos. Isso acaba dificultando um pouco que essas crianças sejam adotadas”, explicou o coordenador da Ceja, Helerson Elias Silva.

No site, há vídeos curtos em que as crianças e adolescentes se apresentam e falam sobre seus gostos pessoais. Em alguns, participam funcionários que trabalham junto às crianças.

“Criamos alguns pequenos vídeos e fotos dessas crianças, que estão no site. Lá, [o pretendente] pode ver esses vídeos, as fotos das crianças. São vídeos curtos, com a exposição mínima dessas crianças, só pra mostrar as características delas, que são crianças e adolescentes como qualquer outra, que brincam, que têm sonhos. É pra desmistificar um pouco o perfil dessas crianças”, disse.

Por meio do projeto, onze crianças e adolescentes foram adotados. Outros oito estão em fase de convivência e de adaptação às novas famílias. O coordenador da campanha disse que a ferramenta ajuda a aproximar os pretendentes.

“[A adoção tardia] Vai dar tanta alegria quanto a adoção de um bebê, ou de uma criança sem alguma doença ou deficiência. A adoção é possível. As pessoas têm adotado e tem dado muito certo”, contou.

Família

Há cerca de um ano, a professora Bruna Taño e o marido adotaram o Kauã, que na época tinha nove anos, depois de ver um vídeo do menino no site. Para a mãe, foi amor à primeira vista.

“A primeira criança que eu vi no site foi o Kauã. Só que estava muito longe, a gente não queria ser família na época. Eu lembro de ver, e chorar, e desde então toda vez que eu imaginava um filho, eu imaginava ele”, explicou.

Além de estar numa idade mais difícil pra adoção na época, o Kauã foi diagnoticado com deficiêcia intelectual. Depois que o adotou, a Bruna não imagina alguém recusando o filho que ela tanto ama.

“Como que é esse filho maravilhoso, iluminado, pode ter esperado tanto tempo para uma família decidir adota-lo? Por quê as pessoas não podem estar mais abertas para encontrar? Kauã é um tesouro, Kauã é a alegria da nossa vida”, disse.