Em entrevista, suspeito admite que acendeu rojão

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Em entrevista, suspeito admite que acendeu rojão e fala sobre aliciamento

Caio Silva de Souza foi preso em Feira de Santana, na Bahia.
Ele não revelou que há aliciamento de jovens em protestos.

Do G1 Rio

Cronologia morte do cinegrafista da Band e prisão do suspeito Caio (Foto: Editoria de Arte)

Em entrevista exclusiva nesta quarta-feira (12) à repórter Bette Lucchese, da TV Globo, o suspeito de ter lançado o rojão que matou o cinegrafista da Bandeirantes Santiago Andrade, Caio Silva de Souza, 22 anos, admitiu que acendeu um rojão na manifestação da quinta-feira (6), contra o aumento das tarifas de ônibus. Para a polícia, entretanto, ele afirmou que só fala em juízo.

Na entrevista, ele disse que não sabia que o objeto era um rojão, e sim um “cabeção de nego”. Na conversa, que foi ao ar no RJTV, ele também disse que há jovens que são atraídos por terceiros a participarem do protesto: “Alguns vão aliciados sim, outros não”. Questionado sobre quem o teria aliciado, ele não deu maiores detalhes. “Isso eu não sei dizer à senhora, a polícia tem que investigar”, acrescentou.

Preso na Bahia
O suspeito chegou ao Rio às 8h42 desta quarta-feira (12) ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. Caio estava no voo 06211 (Salvador-Rio, da Avianca). Ele foi preso em Feira de Santana (BA), durante a madrugada.

O suspeito foi  encaminhado para a Cidade da Polícia, conjunto de unidades policiais no Jacarezinho, Subúrbio do Rio, onde os investigadores que efetuaram a prisão vão conceder uma entrevista coletiva à imprensa para informar mais detalhes sobre a investigação e a prisão. Segundo informações da GloboNews, três carros da polícia aguardavam, às 9h, o desembarque de Caio para conduzi-lo ao conjunto de delegacias. Ele desembarcou momentos depois, acompanhado de vários agentes civis e federais. O suspeito foi levado algemado num automóvel Logan prata para a unidade policial.

Às 9h33, o comboio que trouxe o suspeito chegou à Cidade da Polícia. Caio vestia uma camisa preta com uma estampa colorida e desembarcou do comboio algemado. Ele foi levado para a carceragem. Ainda nesta manhã, o suspeito deve passar por exame de corpo

de delito no Instituto Médico-Legal.

Às 10h47, Caio prestava depoimento para os policiais e não confessou o crime. Segundo o delegado Maurício Luciano, ele não confessou o crime nesse relato. Em seguida, ele deve ser apresentado para a imprensa e encaminhado para o IML, antes de ser levado para alguma carceragem.

Entrega por intermédio da namorada
Caio contou após a prisão que pretendia fugir para a casa de um avô para o Ceará, quando foi convencido por telefone pela namorada a se entregar à polícia na Bahia, mostrou nesta quarta-feira (12) o Bom Dia Rio.

O suspeito alegou logo após a prisão que não sabia que o artefato que matou Santiago era um rojão, e acreditava que se tratava do explosivo conhecido como “cabeção de nego”. Ele pediu ainda desculpas pela “morte de um trabalhador, como ele próprio, sua mãe e seu pai”.
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Três agentes da 17ª DP (São Cristóvão) acompanharam o delegado que investiga o caso, Maurício Luciano de Almeida e Silva, e o advogado de Caio, Jonas Tadeu, na operação que terminou com a entrega dele. Homens da polícia baiana deram apoio à operação. A namorada do suspeito também esteve na Bahia durante a rendição. Ele se entregou em uma pousada próxima à rodoviária da cidade baiana, que fica a mais de 1,5 mil km do Rio e a 100 km de Salvador.

Chefe da Civil comenta prisão

Ainda no Bom Dia Rio, o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, afirmou que o advogado de Caio, que também representa o outro envolvido no caso preso, Fábio Raposo, intercedeu para agilizar a entrega.

“As equipes estavam empenhadas em diferentes frentes e o advogado intercedeu  no sentido de demovê-lo da ideia de se evadir. Se não fizesse isso a polícia ia acabar o encontrando, porque a coordenadoria de inteligência da Polícia Civil já tinha uma linha onde já monitorávamos o deslocamento dele para o Nordeste. A intervenção do advogado fez com que se acelerasse essa captura”, contou Veloso.

O delegado também disse que todos os direitos do preso estão sendo garantidos, e que as investigações sobre o caso continuam. “Estamos convencidos que a participação do Caio nessas manifestações de forma efetiva com emprego de violência não se restringiu ao fato que agora já sabemos, e temos provas contuntentes de ele ser o autor da morte do Santiago”, disse.