Família acusa hospital por morte de bebê em Santa Teresa-ES

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Otávio Diego Barth de Jesus, três meses de idade, morreu nesta segunda-feira (22)

A família de um bebê de três meses — que morreu nesta segunda-feira (22) — acusa o Hospital Madre Regina Protmann, em Santa Teresa, na região Serrana do Espírito Santo, de não ter dado o atendimento necessário ao menino. O pequeno Otávio Diego Barth de Jesus estava internado desde sexta-feira (19) na unidade hospitalar, e morreu devido a uma infecção generalizada (sepse) como consequência de infecção do trato urinário, segundo o laudo do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO).

Segundo uma tia de Otávio, a comerciante Rosângela Barth, 30 anos, o bebê — já internado — chorava sem parar e somente urinava com o auxílio de uma bolsa quente. Mas, apesar desses sinais, ela afirma que o menino só recebeu um antibiótico para tratar a infecção urinária poucas horas antes de morrer.

O drama da família começou na tarde de sexta-feira, quando a mãe do Otávio, a auxiliar de serraria Adriana Bath, 33 anos, levou o filho ao hospital pela primeira vez. “Mandaram ele ir para casa, que ele estava com dor de ouvido. Como ele não parava de chorar, a mãe retornou para o hospital. Ele ficou chorando em observação a noite toda. O médico que estava lá chamou uma pediatra porque não era a sua especialidade. Ele queria transferi-lo para o Hospital Infantil, em Vitória, mas a pediatra falou que não tinha necessidade”, lembra.

Segundo a tia, o bebê permaneceu no hospital chorando, com muita dor. “No sábado entrou um outro pediatra que também falou que não tinha necessidade de transferi-lo para Vitória. O Otávio estava com uma íngua no pescoço. Falaram que era caxumba”, conta.

Rosângela relata que, de domingo para segunda, a mãe foi informada que o bebê estava com infecção urinária. “Eles dizem que chegaram a colher o exame de urina antes, mas não dava nada. Às 4horas da madrugada, o pediatra falou com a mãe que tinha dado infecção urinária grave no menino edisse que ia medicá-lo às 6 horas”.

Declaração de óbito de Otávio Diego Barth de Jesus
Declaração de óbito de Otávio Diego Barth de Jesus
Foto: Arquivo Pessoal

 Ainda de acordo com Rosângela, após o menino receber pela primeira vez um antibiótico, Adriana amamentou o filho e dormiu. “Ela estava cansada, três noites sem dormir. Quando a minha irmã acordou, minutos depois, ele já estava roxo na cama, por volta de 7h25. Eles deram o antibiótico às 6h da manhã. Uma hora depois ele estava praticamente morto. A minha irmã acha que ele estava em óbito. Ela só gritava. Foi quando as enfermeiras pegaram o neném e saíram correndo para socorrê-lo”.

Aflitos sem notícias sobre Otávio, os pais tiveram a confirmação da morte dele por volta das 11 horas da manhã. “Eles não passavam informação. Às 11h que contaram o que tinha acontecido. Falaram com a gente que o leite materno foi para o pulmão. Eles iam dar o atestado de óbito com a causa da morte por leite aspirado. Eu falei que não. Arrumei uma funerária e fui para Vitória”.

A tia explica que Otávio Diego estava com soro durante o tempo que ficou internado. “Falavam que era só remédio de dor. Uma hora era cólica, caxumba, dor de ouvido…”, reclama.

De Santa Teresa, a família foi para o SVO, em Vitória. “A doutora do SVO ligou para o hospital e questionou a causa da morte que eles tinham dito. Ela colocou como causa sepse. O atestado de óbito fica pronto em 30 dias, mas já temos um documento”. 

Nesta terça-feira (23), o bebê foi sepultado no cemitério do Rio do Norte, em Santa Teresa.

A dor da perda para família é ainda maior porque há pouco mais de um mês, no domingo de Páscoa, o pai de Adriana e Rosângela, faleceu no mesmo hospital. “Ele tinha úlcera, ficou internado na UTI e morreu de sepse”, lembra Rosângela.

OUTRO LADO

Acionado pela reportagem, o Hospital Madre Regina Protmann enviou nota dizendo que “se solidariza com a dor da família, e que todo o procedimento de atendimento foi adequado”. Ainda segundo o hospital, todos os óbitos são encaminhados para a Comissão de Revisão de Óbitos e para Investigação da Vigilância Epidemiológica do Estado. “Assim, o hospital aguarda o término dos trabalhos destas equipes, e está colaborando com todos os agentes das mesmas neste trabalho de investigação”.

gazetaonline