Menor que matou ex-namorada e enviou imagens para amigos sabia de punição branda

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Yorrally Dias Ferreira, de 14 anos, foi morta com um tiro na cabeça. O assassino, um ex-namorado ciumento, ficará no máximo três anos internado após cometer um crime que renderia até 30 anos de prisão

O menor que matou a adolescente Yorrally Dias Ferreira, de 14 anos, filmou a execução e enviou as imagens para amigos pelo celular é frio, não demonstra arrependimento e teria apressado a morte da ex-namorada porque completaria 18 anos dois dias depois do crime. Essas são as primeiras conclusões da investigação da polícia e do Ministério Público do Distrito Federal, após tomar depoimentos de amigos do infrator e de familiares da vítima.

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Menor mata ex-namorada, filma crime e distribui imagens pelo celular, diz polícia

Yorally foi morta no último domingo, depois de ser levada para um matagal no Gama (GO), onde foi baleada com um tiro na cabeça. Amigos do menor afirmaram que receberam as imagens do crime pelo celular ou as encontraram publicadas na internet. A delegada Viviane Bonato disse que o celular apreendido com as supostas imagens foi encaminhado para perícia. O motivo da barbárie: o delinquente estava com ciúmes porque Yorally estava namorando um rapaz de uma gangue rival.

Ao ser preso, o menor confessou o crime e narrou detalhes do assassinato, tanto em depoimento à polícia quanto à Promotoria de Infância e Juventude do DF. Nos dois casos, não demonstrou nenhuma compaixão: contou que jogou a camiseta que usava – com manchas de sangue – em um cesto de roupas sujas e depois foi assistir ao jogo do seu time de futebol. “Ele até disse que comemorou muito a vitória do seu time”, disse a delegada ao site de um jornal local.

O crime – planejado e cruel – traz à tona mais uma vez o debate sobre a idade em que as pessoas podem ser consideradas responsáveis por seus crimes. Não há resposta pronta: o assunto precisa ser discutido de maneira pragmática, de olho nos efeitos que cada solução pode trazer. Mas, como em outros casos envolvendo menores que agem à margem da lei, novamente a população ficará à espera de uma ação do Executivo que há décadas não apresenta alternativa para melhorar um modelo que cria delinquentes juvenis em série. O infrator que assassinou Yorraly será submetido a exames para saber se tem transtornos psicológicos e de personalidade.
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Preso na noite de segunda-feira quando saia de uma consulta ao dentista, o menor que matou Yorraly responderá conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ou seja, no máximo, cumprirá três anos de internação. Com passagens anteriores pela polícia por tráfico de drogas e lesão corporal, caso respondesse como adulto, o delinquente poderia ser condenado a 30 anos de prisão. Mas, por dois dias, não será.

O corpo da menina Yorally, aluna do 6º ano, foi enterrado na tarde desta quarta-feira no cemitério do Gama. Sua irmã mais velha, Tainara Loyane Dias, de 24 anos, disse ao j4ornal Correio Braziliense que o menor sabia que era sua última oportunidade para matar a ex-namorada sem ser imputado como adulto. “Ele já tinha falado várias vezes que ia acabar com a vida da minha irmã. Fez essa crueldade consciente de que a punição seria branda.”

É provável e difícil acreditar no contrário, que as dezenas de projetos sobre mudanças no ECA ou as propostas de emendas à Constituição para alterar a maioridade penal avencem no Congresso Nacional. Pelo menos até que políticos e a sociedade tenham coragem de enfrentar a questão. Enquanto isso, impunes, os adolescentes continuarão vendo a porta do mundo do crime continuar aberta para eles.

fonte revista veja