Número de integrantes do PCC no Espírito Santo é superior ao do RJ

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Dados foram divulgados em reportagem da Folha de S. Paulo; material mostra que, para recrutar criminosos, a facção estaria realizando a campanha ‘Adote um irmão’

 

A facção criminosa PCC tem pelo menos 267 integrantes no Espírito Santo. É o que afirma a reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo, nesta sexta-feira (27). De acordo com dados da Polícia Civil de SP, o grupo tem 22 mil filiados fora daquele Estado. Paraná é o local com mais integrantes, que conta com 2.961 filiados. Ainda de acordo com os números da polícia, o número de criminosos filiados ao PCC no ES é superior ao do vizinho Rio de Janeiro, que, segundo os dados, tem 50 bandidos registrados na facção.

Para recrutar criminosos, com a intenção de aumentar o número de filiados em todo o Brasil, a facção ainda estaria realizando a campanha ‘Adote um irmão’, que foi descoberta pela Polícia Civil de São Paulo durante a operação Echelon. De acordo com a reportagem da Folha de S. Paulo, os criminosos pretendem recrutar uma média mensal de mil novos integrantes.

Segundo a  matéria acionada pelo Gazeta Online, a Secretaria de Estado da Segurança Pública do ES (Sesp) e a Secretaria de Justiça do ES (Sejus) informaram que os setores de inteligência das duas pastas trabalham de forma integrada e monitoram as atividades de grupos criminosos dentro e fora dos presídios. A Sejus ainda acrescentou que não há registro de atividade organizada de facções em unidades prisionais do Estado.

‘TAXA DE MATRÍCULA’

Segundo a matéria da Folha de S. Paulo, os chefões da facção suspenderam há 40 dias, em todo o país — exceto São Paulo — a ‘taxa de matrícula’, que era cobrada mensalmente aos integrantes do grupo. De acordo com a polícia, o valor pode custar até R$ 900, dependendo do Estado. A falta de pagamento da mensalidade pode gerar cobranças e até mesmo punições. Os criminosos que ‘exercem atividades de elevada hierarquia’ não precisam efetuar o pagamento da taxa.

A suspensão teria acontecido para a realização do processo de recrutamento, onde cada membro deve convidar um novo bandido para a facção criminosa. Segundo documentos obtidos pela Folha e relatos de pessoas ligadas aos criminosos, o grupo percebeu que a facção rival, o Comando Vermelho (CV) possui mais filiados, podendo ser a maioria nas prisões e, com isso, dono de todas as rotas de tráfico de drogas.

‘BATISMO’

Ao aceitar participar do bando, o criminoso é submetido a um ”batismo” pelo grupo. O ato é realizado em um cerimônia simples, feita muitas vezes por telefone, onde o bandido aceita as regras da facção, e também as consequências. O filiado responde um questionário com seis perguntas. Ele precisa responder se leu o estatuto do PCC, se faz parte de outra quadrilha, se já fez uso de drogas pesadas, se já ”segurou” flagrante para outro bandido por dinheiro e se já teve ”atos de homossexualismo”. Ao ser aprovado, o bandido entra para para o chamado ‘Livro Branco’.

REPORTAGEM DIZ QUE PCC PLANEJA ATAQUE A FÓRUNS NO PAÍS

A facção criminosa PCC planeja uma série de ataques a fóruns de todo o país em busca de armas que estão guardadas pela Justiça. A suspeita é da Polícia Civil de São Paulo e foi divulgada nesta quinta-feira (26) pelo jornal Folha de S. Paulo. No Espírito Santo, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) afirma que monitora constantemente as informações ligadas a esses grupos.

De acordo com o jornal paulistano, a suspeita surgiu através de interceptações telefônicas. Nessas ligações, membros da facção falam de uma ordem dada por comandantes do grupo para a realização de levantamento de fóruns em todo o território nacional que possam ter estoques de “ferram que a Folha teve acesso, teriam partido de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, onde está presa a cúpula da facção, incluindo Marco Camacho, o Marcola, tido como o principal chefe do PCC.

Segundo a ordem, os criminosos deveriam levantar informações sobre prédio e endereço e, em seguida, enviar fotos desses locais para auxiliá-los em futuras ações. “Tais informações irão subsidiar ações da facção que visam o roubo das armas em depósitos do Poder Judiciário em todo o Brasil”, diz trecho de documento obtido pela Folha.

A reportagem ouviu delegados de São Paulo que acreditam que o plano está em andamento e pode ocorrer a qualquer momento. No ano passado, 566 armas foram levadas dos fóruns de Guarujá (Baixada Santista) e Diadema (Grande São Paulo). Pelo tempo em que as investigações foram iniciadas, porém, a cúpula da Segurança descarta que esses ataques tenham relação com o plano revelado pela Folha.

ARMAS NÃO FICAM EM FÓRUM NO ES

Na última quinta-feira (19) foi assinado pelo Corregedor Geral de Justiça do Estado, Desembargador Samuel Meira Brasil Júnior, o Provimento Nº 11/2018, que trata do destino e da destruição de armas de fogo e munições apreendidas em processos. Em nota, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) informou que as armas não serão mais recebidas pelos fóruns e deverão permanecer junto à autoridade policial e depois encaminhadas ao exército para destruição ou reaproveitamento. A Justiça reforçou que o órgão tem o prazo de 60 dias após a assinatura para que as armas não entrem mais nos fóruns. “Nesse período a Polícia vai empreender toda a logística necessária. Depois disso teremos mais 120 dias para que as armas guardadas nos fóruns sejam encaminhadas para a Polícia Civil. Após a perícia, elas seguem para o exército para serem reaproveitadas ou destruídas”.

SEM REGISTRO DE AÇÕES CRIMINOSAS NO ES

A nota ainda reforçou que não há nenhum registro de ações criminosas de organizações, como o PCC contra o Poder Judiciário Estadual. “Existe um trabalho contínuo de aperfeiçoamento da segurança de nossos fóruns, que hoje contam com sistemas de

de emergência); circuito fechado de TV (CFTV) com câmeras de segurança conectadas a central de monitoramento; cofres digitais utilizados pelo exército brasileiro para o armazenamento de armas de portes variados; vigilância armada 24 horas, e ainda, durante o horário de funcionamento, as unidades contam com a atuação de Policiais Militares da Reserva e detectores de metal”.