Prefeito de Guarapari quer cobrar taxa de turistas

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Ônibus de excursões ocupam os estacionamentos particulares e prejudicam o trânsito nas ruas da cidade (Foto: Roberta Bourguignon)

Ônibus de excursões ocupam os estacionamentos particulares e prejudicam o trânsito nas ruas da cidade (Foto: Roberta Bourguignon)

A Prefeitura de Guarapari quer cobrar taxa para a entrada de turistas que chegam ao município em excursões. A medida, segundo o prefeito Edson Magalhães, faz parte do projeto que quer regulamentar as casas e apartamentos de aluguel. Os ônibus não circularão na área urbana.

Um estacionamento será disponibilizado especialmente para os ônibus de excursão. O local já existe ao lado do Terminal Rodoviário, na entrada da cidade, pela BR-101. A proposta não tem data para ser enviada à Câmara, mas o prefeito garante que vai enviar até o final do ano.

“Nós precisamos regularizar a cidade. Não dá para recebermos mais os ônibus dentro da cidade. Nós precisamos ter um estacionamento à disposição deles e, assim, o turista dentro da cidade vai usar veículos menores. Nós temos que debater isso para o próximo verão, com certeza”, explica o prefeito.

Em cidades como Ubatuba, São Paulo, por exemplo, a taxa de turismo para quem chega à cidade em excursões é alta. É cobrada taxa de entrada no valor de R$ 3 mil para ônibus, R$ 1.800 de micro-ônibus e R$ 1.200 de vans. Esse valor é dividido pelos turistas.

Com a medida, o prefeito acredita que será possível organizar o trânsito e manter o turismo sustentável. Para Magalhães, esse é um turismo de negócios e, por isso, as casas e apartamentos alugados para temporada também vão entrar no plano.

“A regularização das casas de aluguel e dos apartamentos que são alugados se trata de turismo de negócios. Precisaremos cobrar taxas. É o que acontece nas grandes cidades que vivem de turismo. Investimentos na área do turismo giram hoje em torno de 1% e nossa meta para o ano que vem é gastar mais de 5%”, esclarece Magalhães.

Ainda de acordo com o prefeito, o assunto da regularização dos ônibus de excursão e das casas e apartamentos de aluguel é um movimento que está sendo tratado com o Ministério Público do Estado, uma vez que envolve todos os poderes.

“A regulamentação envolve o Ministério Público e a própria Justiça local. Nós temos uma área ao lado do Terminal Rodoviário e vamos preparar essa área. Isso é necessário para que possamos dar essa concessão para exploração desse estacionamento. Posteriormente, será feita a regularização das casas e apartamentos de aluguel”, completa o prefeito.

Medo de afastar banhistas

Alexandre Valim: preocupação (Foto: Roberta Bourguignon)

Alexandre Valim: preocupação (Foto: Roberta Bourguignon)

Para o presidente da Associação de Proprietários de Imóveis de Aluguel de Guarapari, Alexandre Valim, as taxas podem afastar o turista, “já que a regulamentação parece buscar culpado para a falta de um turismo de qualidade”.

“Todo imóvel paga impostos todos os meses, mesmo que fechado. Não sabemos para onde vão esses impostos. Infelizmente, essa regulamentação de casas de aluguel pode ser feita exclusivamente pela esfera federal. Na última gestão, a Câmara tentou aprovar um projeto cobrando taxa de entrada do turista, mas o projeto não passou. Precisamos participar dos debates.”

Por outro lado, ele concorda com a regularização dos ônibus de excursão, já que essa medida pode contribuir com a economia da cidade de forma legal. “Acredito que a entrada dos ônibus apenas para deixar os turistas é importante.”

O presidente do Sindicato da Construção Civil de Guarapari, Fernando Otávio disse que são quase 5 mil ônibus no verão. “Cobrar desses ônibus e fiscalizá-los seria mais eficaz. A ocupação dos imóveis seria mais importante do que a própria taxa”, afirma.

A guia turística e turista Rafaela de Matos, que organiza excursão de Belo Horizonte, MG, para Guarapari, acredita que o turista não vai optar pela cidade por causa da taxa. “Guarapari é mais acessível em questão de valores em supermercado, lojas e restaurantes. Com essa taxa, o preço vai aumentar e os turistas não vão vir.”

Por Roberta Bourguignon/gazeta o line