Após 2 meses e muita superação, Vitória vai conhecer o próprio lar

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Alex Fagundes e Vitória: “O quarto foi preparado de acordo com a vontade da minha mulher”

Criança nasceu aos 6 meses; mãe, que tinha câncer, deu à luz e morreu 3 dias depois

Pela ordem natural das coisas, Vitória ainda estaria no útero da mãe, a professora de Educação Física Priscila Charpinel, que teve que dar à luz com seis meses de gestação para salvar a filha do câncer que a levou.

Hoje, 60 dias depois, a pequena estreia do lado de fora do hospital, presenteando o mundo com a mesma esperança que já havia levado para sua família. Nesse dia de Vitória, o pai, Alex Fagundes, 35 anos, fala para A GAZETA do desejo que a integridade seja a principal herança passada de mãe para filha.


Recuperação

Foi excelente, um dia aprendendo mais que o outro. Nesse tempo, fui conhecendo totalmente minha filha. Vi toda a evolução da respiração. Cada movimento novo foi uma vitória. Cada dia, uma novidade. No domingo, ela saiu da encubadora. Vitória nasceu com 1,165kg e 37cm. Agora já está com 2,550kg.

Aprendizado

Aprendi a trocar fralda enquanto ela estava na encubadora. Depois que saiu é muito mais fácil. Sempre fui muito observador. Mesmo sem dar banho, olhava o que as enfermeiras faziam e tentava aprender onde segurar, onde soltar. Na segunda-feira dei o primeiro banho sozinho. Disseram que eu parecia um pai pronto. Respondi que aprendi colando, mas era uma cola boa. O engraçado é que sempre tive pavor de segurar criança. Tinha medo de quebrar. Foi uma cura.

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Durante esse tempo, vim ao hospital todos os dias. Nos fins de semana, passava o dia inteiro. Resolvi as coisas para que minha filha saia do hospital com tudo encaminhado. Ela já tem CPF, INSS, conta no banco, pensão e plano de saúde.

Amamentação

No começo, ela tomava apenas 1ml de leite materno doado a cada seis horas. Hoje, ela já está tomando leite preparado. São 45ml a cada três horas.

Casa nova

O quarto dela foi totalmente preparado de acordo com a vontade da minha mulher. Priscila não queria nada rosa nem lilás. Queria algo diferente. Como ela era torcedora do São Paulo, usei as cores preta, vermelha e branca. Ganhamos muita coisa de amigos, da igreja. Nossa casa, em Santa Cecília, Vitória, está linda. Nos primeiros dias, vou contar com a ajuda de uma enfermeira. Depois, seremos eu e as avós. Elas vão ficar com Vitória enquanto eu estiver trabalhando.

Herança

A integridade é a principal herança que quero que Vitória receba de Priscila. É isso que vou ensinar. Vou ensinar a força de querer ajudar. Vou ensinar que é importante a gente falar tudo o que quer para uma pessoa. Tenho a felicidade de ter esse sentimento em relação à minha esposa. Tudo o que quis fiz enquanto ela estava viva. Mostrei meu amor, fiz tatuagem, raspei a cabeça na hora da doença. Foi algo que ela me ensinou. Isso diminui a minha dor.

Superação

Apelei para a fé. Se o diagnóstico está ali não tem como lutar contra. A única coisa que nos resta é a fé. Por isso, mesmo com tudo o que aconteceu, tenho uma sensação boa.

Despedida

Aqui, no hospital, ela é muito bem-cuidada. São profissionais humanas que dão o calor materno. A dor maior é ir embora e deixar esses amigos para trás. Não fico preso à dor da perda. Tenho que cuidar do ganho. A perda o tempo resolve.

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