Como uma família pomerana do ES se tornou a maior produtora de inhame do Brasil

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Os Irmãos Krause se estabeleceram no “Projeto Jaíba”, na cidade mineira de mesmo nome, distrito considerado o maior projeto de irrigação da América Latina. (*Fotos: Divulgação)

Otavio e Olavo Krause são sócios nos negócios da família, que soma mais de 50 anos de dedicação à cultura do inhame.

A família Krause se dedica há mais de 50 anos à cultura do inhame em Laranja da Terra, na região Serrana do Espírito Santo. Apesar de serem os maiores produtores do tubérculo no Estado até 2020 e pioneiros no uso de tratores autônomos na cultura, na tentativa de avançar nos negócios para manter o município na liderança nacional, os agricultores pomeranos esbarravam em certos empecilhos.

Os implementos agrícolas não se adaptavam aos terrenos acidentados da região. Além disso, um decreto estadual passou a limitar a irrigação noturna da lavoura em períodos longos de estiagem – sem contar o cansativo tira e põe do sistema de aspersão antes, para plantar, e depois, para colher inhame. Outros entraves eram o alto custo da mão de obra e dos terrenos para migrar os plantios para outros municípios.

Há cerca de dois anos, os irmãos Olavo e Otávio Krause extrapolaram as fronteiras estaduais para se tornarem os maiores produtores de inhame do Brasil. Eles arrendaram 150 hectares- num total de três pivôs centrais- no “Projeto Jaíba”, na cidade mineira de mesmo nome, distrito considerado o maior projeto de irrigação da América Latina. Com produção anual de 5,5 mil toneladas, o produto se destaca pela qualidade e é destinado a vários Estados brasileiros.

Os Irmãos Krause se estabeleceram no “Projeto Jaíba”, na cidade mineira de mesmo nome, distrito considerado o maior projeto de irrigação da América Latina. (*Fotos: Divulgação)

Com a rotina atribulada da dupla, a porta-voz da família é Aline Krause, de 22 anos, filha do Olavo. Formada em Economia, a jovem cuida da parte administrativa e financeira dos negócios e relata a escassez de pesquisas com dados sobre a produção de inhame nacional, que inclusive fizeram falta na hora de concluir o seu projeto de graduação.

Porém, Aline confirma a liderança da produção brasileira do tubérculo a partir do conhecimento dos agricultores sobre o mercado.

“Meu pai e meu tio conhecem bem o mercado de inhame, lidam com muita gente, e não viram ninguém com a nossa dimensão. Nossos principais mercados compradores são o Sudeste e o Centro-Oeste do país, onde se baseia nosso levantamento”, diz Aline.

Olavo sempre apreciou a ideia de irrigar a lavoura de inhame com pivô central. Trata-se de um sistema de irrigação no qual uma linha lateral suspensa por torres de sustentação dotadas de rodas e motores gira em torno de um ponto central, chamado de pivô.Segundo a filha, o agricultor pesquisou muito até conhecer o “Projeto Jaíba”, cuja transposição do Rio São Francisco permite irrigar as terras em sistema de arrendamento. O solo favorável, a facilidade do plantio e da colheita mecanizada em área de planície e também da pulverização pesaram na decisão de migrar toda a produção para Minas.

A experiência do primeiro ano ocorreu em uma área arrendada com pivô de 54 hectares. Após o primeiro plantio, os irmãos Krause arrendaram o segundo pivô, totalizando 110 ha de cultivo de inhame. Em 2021, os agricultores expandiram a produção para um novo pivô, sendo, do total de cerca de 150 ha, um com a primeira safra na conta, um ainda para colher e outro com rotação de cultura com feijão, milho e soja.

Os irmãos Krause comercializam atualmente três variedades de inhame: Dedo, Dedo Fino e Cabeça. “A região não é tão mais quente que Laranja da Terra, por isso o inhame se adaptou bem. O verão é bem quente, e o clima, bastante seco. Se não tiver irrigação, as plantas não sobrevivem sob essas condições”, afirma Aline Krause.

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Gerações de produtores
A história dos Krause com o inhame começou com os avós paternos dos atuais sócios Olavo e Otávio. Ainda crianças, eles já estavam presentes, ajudando nas lavouras cultivadas pelo pai entre Laranja da Terra e Itarana. Desde então foi criado um vínculo muito forte entre os irmãos e a cultura do inhame.

No começo deste ano, os irmãos capixabas adquiriram uma propriedade de 100 hectares em Jaíba (MG). Eles instalaram dois pivôs centrais próprios, um em cada 50 ha do terreno, mas a área ainda não tem inhame plantado

Nessa agora sede da empresa familiar, além de Aline Krause, a mãe, a tia e um casal de funcionários do Espírito Santo atuam no escritório. Os trabalhos contam ainda com outros cinco capixabas na colheita do tubérculo, que ocorre durante todo o ano.

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A frota de tratores aumentou, mas somente um guiado por satélite está em atividade. “Muitos trabalhos ainda demandam a atuação do manobrista, a exemplo do trator que pega as bags”, explica Aline. No entanto, o veículo autônomo e cabinado ainda é uma tecnologia útil na rotina da fazenda, uma vez que prepara a terra para o plantio.

Como os pivôs são circulares, o trator programado faz o trabalho com precisão girando no entorno do eixo central. “As carreiras de soja ficam retinhas”, conta Aline.

Na Agrishow deste ano, os irmãos Krause adquiriram um pulverizador automático. E assim, a família continua a busca constante por implementar alternativas tecnológicas e sustentáveis na produção de inhame, garantindo produtividade e qualidade.

 

Os processos
1º- A produção começa com a preparação do solo. Essa etapa é de grande importância e proporciona condições favoráveis para o bom crescimento do tubérculo.

2º- Após preparo do solo é feito o plantio mecanizado, no qual são utilizadas túberas-sementes de produção própria da fazenda.

3º- Entre 45 e 60 dias após o plantio, é feita a montoa, etapa que garante qualidade e padronização do inhame.

4º- A colheita é feita quando a planta atinge maturação, período de 180 a 240 dias após o plantio.

5º- Após a colheita, é feito o preparo do produto para venda. O tubérculo é lavado, selecionado e embalado.

Atualmente, os Irmãos Krause comercializam com todo o Brasil:
– Inhame Dedo- Em sacos de 18kg e 20kg.

– Inhame Dedo Fino- Também conhecido como miúdo, é comercializado em sacos de 18kg.

-Inhame Cabeça- O inhame cabeça pode ser dividido em dois padrões de tamanho, o cabeça e o cabecinha, e é comercializado em sacos de 18kg.

 

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