Coronavírus: ‘Segurou minha mão e pediu pra não deixar ele morrer’, diz pai de jovem vítima em MG

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Por Thaís Leocádio, G1 Minas — Belo Horizonte

Matheus Augusto Lobo, de 23 anos, não tinha doença prévia e morreu com coronavírus  — Foto: Erberte Lobo/Arquivo pessoal

Matheus Augusto Lobo, de 23 anos, não tinha doença prévia e morreu com coronavírus — Foto: Erberte Lobo/Arquivo pessoal

Matheus Augusto Cerqueira Lobo, de 23 anos, morava no bairro Vila Cristina, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Sem nenhuma doença prévia, morreu com coronavírus, às 15h55 desta terça-feira (19).

“Ele segurou minha mão e pediu pra não deixar ele morrer”, contou Erberte Lobo, de 62 anos, pai de Matheus, sobre o dia da internação. O jovem foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Teresópolis, na semana passada. De lá, foi transferido para o Hospital Regional de Betim, onde morreu dias depois.

Matheus foi cremado nesta quarta-feira (20). Ele gostava de passar o tempo com a família e trabalhava como autônomo, comprando e revendendo carros.

A morte do jovem ainda não está listada entre as mais de 170 do último balanço da Secretaria de Estado de Saúde, divulgado nesta manhã, mas foi confirmada pela Prefeitura de Betim nesta terça. O número de casos de coronavírus em Minas Gerais já passa de 5 mil.

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“Matheus era um filho que várias pessoas gostariam de ter. Muito educado, muito bom. Não tinha vício, não fumava, não bebia, não tinha doença nenhuma. Com esse negócio de corona, ficava em casa, sentado no sofá, com a irmã dele, mexendo no celular”, disse o pai.

Erberte Lobo é carreteiro e contou que fez uma viagem para São Paulo. Quando voltou para casa, em Betim, teve febre, perda de apetite, sensação de boca amarga. Pensou que era dengue. Mesmo assim, ficou isolado, em casa, no quarto.

“Até eu me sentir melhor, o Matheus ficou me levando medicação, levando comida. Eu não sei se foi isso que pegou nele”, disse. Um tempo depois, quando Erberte já estava em outra viagem, o filho passou mal e procurou o Mater Dei. Matheus fez testes e voltou para casa, onde ficou até piorar e ser socorrido de ambulância.

Matheus Augusto Lobo e o pai Erberte Lobo  — Foto: Erberte Lobo/Arquivo pessoal

Matheus Augusto Lobo e o pai Erberte Lobo — Foto: Erberte Lobo/Arquivo pessoal

Quando o exame do jovem confirmou o coronavírus, toda a família foi testada. A mãe testou positivo, mas os resultados do pai e da filha deram negativo. Erbert não sabe em que momento Matheus se contaminou. “Ele também ia à padaria de vez em quando”, relembrou.

O Hospital Mater Dei informou que o jovem foi atendido dentro de uma área exclusiva para pacientes com suspeita da doença e que, no momento da consulta, “não existia nenhum sinal de gravidade (nem clínico nem laboratorial) que demandasse internação”.

“Tem que cumprir o distanciamento, usar máscara. A gente não espera que isso vai acontecer com a gente. Ele era a melhor coisa que eu tinha na minha vida. Vai fazer muita falta para mim, para minha família toda, para os amigos dele”, lamentou Erberte Lobo.